Advento, tempo de Esperança e renovação
E hoje a saudade bateu à minha porta.
Peguei na criança que eu fui e embalei-a no pensamento das minhas memórias
repletas de recordações...
Eram dias frios e húmidos nas terras do Gerês.
A noite era o breu que cobria a aldeia entrecortada de pinheiros e eucaliptos.
O peito enchia-se do aroma purificador do pinho ácido.
A manhã crescia com a azáfama do Natal. Os adultos trocavam conversas sérias,
feitas de doces
e a ceia.
Mas... e o presépio?
Isso era com as crianças...
Então, descia os caminhos toscos serpenteados por entre os pinhais que levavam
ao rio.
As pedras penduravam-se verdes e viçosas. E eu colhia as pastas de musgo da
face dos rochedos, deitados por entre os pinheirais.
...E nascia um presépio com cheiro a pinho, a musgo, a verdade...
Não tinhas luzes psicadélicas mas um único ponto fixo luminoso, recordando a
mensagem de Belém.
Nasceu um Menino que iria desinquietar os bem instalados na Terra.
E a mesa crescia com a alegria da festa, e da festa dos sabores.
Meia noite.
O sapato mais bonito para o Menino Jesus! Era uma presença especial, pois
claro!..
E lá ia deitar-me vendo bem a posição do sapato, não fosse Ele esquecer-se...
Adormecia com o sapato e a ansiedade...
E mal nascia o dia, corria para a chaminé pendurando a surpresa no coração...
E o Menino lembrou-se de..mim. ...E a alegria era do tamanho da felicidade
daquele instante!..
...
Hoje também recebo presentes...
Mas não ponho o sapatinho!..
Hoje também ofereço presentes...
...Mas não são para pôr no sapatinho...
...São para o " pinheirinho" entupido de embrulhos e laços pretensiosos...
...E parece que a festa começa aqui...com as crianças histéricas a abrir
presentes ...continuando...a abrir presentes agora já entediadas...acabando por
lançar neles um olhar absorto, mudo, fundo!
E a festa ia mudando
...E perco-me em mim. Agora, não na saudade, mas nas perguntas que borbulham na
alma como lava num vulcão!..
...E as respostas saem luminosas e quentes...
...Ora me queimam, inquietando-me...
...Ora me inquietam, queimando-me ainda mais!
...Ah! O meu Natal
...O meu sapatinho
...O meu Menino Jesus!
...
BOM NATAL PARA TODOS!
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6 comentários:
Manuela, fiquei toda arrepiada ao te lwer! Exatamente o que penso! Eram outros Natais, na simplicidade e muito mais sentido! Hoje pensa-se na comilanças, pacotes, laços e luzes...E tantas vezes, o Menininho do presépio fica ali sem ser olhado... Mas, são os tempos! Talvez por isso, a cada ano, menos me empolgo com o Natal!
Que bom que dentro de nós temos o verdadeiro sentido e esse nnguém nos tira! ADOREI! beijos, tudo de bom,chica
Querida amiga Manuela, boa noite!
Demorei um pouco a chegar, pois estava na Solenidade da Imaculada.
Fui lendo aqui e me extasiando por você elencar do início ao fim a necessidade da Renovação Espiritual para que o Natal volte a ser o que, em criança, vivenciávamos.
Muito lindo elencar a ausência do mais importante no Natal.
De fato, tanto de precioso vai sendo esquecido e toda a magia perfeita natalina vai se apagando de algumas memórias.
Bravo pelo texto poético em prosa com relevância do veradeiro significado do espírito natalino.
Muito obrigada por estar sempre em cada interação de Natal, Amiga.
São anos e anos promovendo o bem entre nós, amigos virtuais.
Tenha dias de dezembro abençoados!
Beijinhos fraternos
Meu comentário ante cada participação nessa inspiradora exortação poética e espiritual, nessa época de advento natalino, se expressa num transbordante desejo de paz, amor e todo o bem, tão ensinados e exemplificados pelo Cristo Jesus. Que a luz do Divino Mestre dissipe as sombras ignorantes de todos os males e o facho renovador do bem, clarifique de fraterna solidariedade o horizonte humano na construção de um mundo melhor, pleno de espiritualidade.
Um abraço. Tudo de bom.
APON NA ARTE DA VIDA 💗 Textos para sentir e pensar & Nossos Vídeos no Youtube.
Querida Manuela, novos tempos, novos rumos. Qual deles é o melhor? para mim é o passado, os natais de minha meninice e minha juventude. Agora resta a saudade. Mas tenho certeza que as crianças e jovens de agora também terão saudades do hoje, que recordarão como os melhores natais que passaram. Acho que, no fundo, o que sentimos mesmo é saudades de nós, aquela "eu" do passado: sorridente e cheia de futuro. Adorei a fé e o espírito natalino de renovação que perpassa todo o teu texto. Parabéns pela participação, um texto prrimoroso!
bjssss, marli
Linda e emocionante prosa poético na qual o espírito natalino se fez presente na sua menina interior saudosa dos momentos embalados na magia e fé natalina. Boa tarde, Norma.
Maravillosa Prosa Manuela. Todo un sentir tus letras que ensalzan la Navidad. Un abrazo grande
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